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Mulher e esporte: uma perspectiva de compreens�o dos desafios do Ironman
Woman and sport: a perspective of understanding of the challenges of Ironman
Mujer y deporte: una perspectiva de comprension de los desafios de IronmanCarla Di PierroInstituto Vita
Endere�o para correspond�nciaRESUMO
O objetivo deste estudo foi buscar elementos atrav�s do hist�rico da mulher no esporte e de entrevistas com atletas femininas de triathlon para compreender a pr�tica do Ironman por mulheres.
O trabalho percorreu o hist�rico da mulher no esporte desde o final do s�culo XIX at� os dias atuais.
Foi conduzida uma pesquisa com tr�s triatletas amadoras praticantes de pelo menos dois Ironman.
Na entrevista foi utilizada como metodologia a hist�ria oral, que � uma forma de registro e comunica��o de mem�ria.
A an�lise mostrou que a influ�ncia e o incentivo familiar s�o fatores determinantes.
O esporte torna-se um meio socializante onde as mulheres trabalham, tem amigos e estabelecem suas rela��es afetivas.
A pr�tica do Ironman � vista como um objeto de desejo a ser alcan�ado, que traz benef�cios como aceita��o, valoriza��o e realiza��o.
A mulher atleta � reconhecida e respeitada e o cen�rio esportivo aparece como um meio pelo qual ela pode exercerbonus online casinoautonomia, seu poder de escolha e seu poder de supera��o.
Palavras-chave: Mulher no esporte, Atleta feminina, Triathlon, Ironman.
ABSTRACT
he objective of this study was to search elements through the description of the woman in the sport and of interviews with feminine athletes of triathlon to understand why women practice Ironman.
The research covered the description of the woman in the sport since the end of century XIX until the current days.
A research with three triathletes' girls was lead amateur practitioners of at least two Ironman.
In the interview the verbal history was used as methodology, which is a form of register and communication of memory.
The analysis showed that the influence and the familiar incentive are determinative factors.
The sport becomes a way to socialize, where the women work, she has friends and establishes its affective relations.
To do an Ironman is a desire object as to be reached, that it brings benefits as acceptance, valuation and accomplishment.
The woman athlete is recognized and respected, and the sports scene appears as a way for which she can exert its autonomy, its power of choice and its power of overcoming.
Keywords: Woman in the sport, Feminine athlete, Triathlon, Ironman.
RESUMEN
El objetivo de este estudio fue buscar elementos a trav�z del hist�rico de la mujer en el deporte y de entrevistas con atletas femeninas de triatlon para comprender la pr�ctica del Ironman por mujeres.
El trabajo recorri� el hist�rico de la mujer en el deporte desde el final del siglo XIX hasta los dias actuales.
Fue conducida una investigaci�n con tres triatletas amadoras practicantes de por lo menos dos Ironman.
En la entrevista fue utilizada como metodolog�a, la Historia Oral, que es una forma de registro y comunicaci�n de memoria.
El an�lisis mostr� que la influencia y el incentivo familiar son factores determinantes.
El deporte se torna un medio socializante donde las mujeres trabajan, tienen amigos y establecen sus relaciones afectivas.
La pr�ctica del Ironman es vista como un objeto de deseo a ser alcanzado, que trae beneficios como aceptaci�n, valorizaci�n y realizaci�n.
La mujer atleta es reconocida y respetada y el escenario deportivo aparece como un medio por el cual ella puede ejercer su autonom�a, su poder de escogencia y su poder de superaci�n.
Palabras-clave: Mujer en el deporte, Atleta femenina, Triatlon, Ironman.
Introdu��o
Que o esporte � um grande fen�meno social da atualidade e que vem evoluindo muito nos �ltimos tempos j� sabemos, por�m no caso das mulheres, ele tamb�m foi e vem sendo um espa�o de busca de igualdade de direitos e ascens�o social.
As mulheres v�m transformando o mundobonus online casinoque vivemos, trazendo mudan�as de valores, de vis�o de mundo, de expectativas, na pol�tica, na religi�o, nos neg�cios e no esporte.
A mulher moderna quebra severas restri��es impostas por antigos paradigmas e cada vez mais ganha espa�o numa sociedade predominantemente calcada de valores masculinos, espa�os estes que vem sendo consolidado tamb�m pela imagem propagada pela mulher no esporte (Freitas, 2002).
No cen�rio esportivo, a mulher foi considerada como uma usurpadora ou profanadora de um espa�o consagrado ao usufruto masculino.
O esporte, tanto como lazer ou com finalidades b�licas, unificou um conjunto de adjetivos que representam o mundo masculino: for�a, determina��o, resist�ncia e busca de limites (Rubio & Sim�es, 1999).
Cren�as tradicionais prescreviam que o cansa�o f�sico e a competi��o, derivados da pr�tica do esporte, eram contr�rios � natureza da mulher que deveria ficarbonus online casinocasa tomando conta dos filhos.
Este pensamento vem desaparecendo com a ascens�o feminina, no entanto notam-se na popula��o mundial e no Brasil resqu�cios destas id�ias.
Em concord�ncia com essa an�lise, no �mbito da pr�tica corporal prevaleciam as restri��es: tanto � que de 1941 a 1975 vigorava o Decreto-Lei 3.
199, que estabelecia as bases da organiza��o dos esportes no Brasil e inclu�a um artigo que colocava, "�s mulheres n�o se permitir� a pr�tica de desportos incompat�veis com as condi��es debonus online casinonatureza" (Adelman, 2003).
Em toda hist�ria do esporte a mulher foi subjugada no que tange � conquista de seus direitos fundamentais de participa��o.
A participa��o feminina cresceu ao mesmo tempobonus online casinoque se acentuaram os processos de globaliza��o do esporte e da institucionaliza��o dos interesses das mulheresbonus online casinoparticipar tanto de esportes aqu�ticos como terrestres.
O modelo de mulher fr�gil j� parece coisa do passado, principalmente no cen�rio esportivo.
Atualmente a tend�ncia feminina no esporte � de ultrapassar os limites f�sicos e emocionais colocando-sebonus online casinop� de igualdade com os atletas masculinos.
O esporte n�o pode ser visto apenas como uma maneira de movimentar o corpo, ganhar formas esteticamente aceit�veis e melhorar a sa�de f�sica, ele deve ser lembrado tamb�m como um espa�o onde se refletem valores culturais de cada sociedade na qual � praticado, reproduzindo seus sistemas hier�rquicos e suas peculiaridades sociais.
Para Helal (1990), o esporte deve ser encarado como algo que foi constru�do socialmente, este � um pensamento que vai al�m dos esportistas, que v� o esporte como um fen�meno universal e tamb�m como um modelo de realidade social,bonus online casinoespecial quando confrontado com as perspectivas de ascender socialmente e economicamente.
� por ser um campo vasto de pesquisa sobre a hist�ria e cultura da humanidade e dos g�neros, que escolhi o esporte para discutir a posi��o e os desejos da mulher contempor�nea.
Mais especificamente a mulher que hoje vive superando seus limites psicol�gicos, de for�a e resist�ncia atrav�s da determina��o, conceitos antes apenas aplicados ao homem.
Minha experi�ncia pessoal como mulher no esporte vem desde a inf�ncia.
Sempre gostei de movimentar o corpo, correr, nadar, de fazer for�a.
Era (e ainda sou) muito competitiva, gostava de treinar com os garotos e de vencer.
Pratiquei diversas modalidades, individuais ebonus online casinoequipe.
Por�m, ao come�ar a praticar triathlon entreibonus online casinocontato com um tipo de atleta feminina diferente das outras e fiquei muito admirada.
Eram mulheres que n�o apenas respiravam o esporte que faziam, mas que viviam de uma maneira diferente, uma vida regrada pelo esporte, alimenta��o, sono, vida social entrela�adas com o esporte e as pessoas envolvidas nele.
Mulheres que trabalhavam tinham suas profiss�es, na maioria das vezes relacionadas ao esporte e treinavam com o maior prazer para superar seus limites.
Al�m disso, mantinham uma rela��o diferente com seu corpo, n�o estavam na academia para ganhar curvas socialmente aceitas, mas treinavam este corpo para utiliz�-lo como um instrumento para superar limites, mais que isso, como um instrumento de poder.
Al�m do triathlon, treinavam para o Ironman - "homem de ferro"- (maior dist�ncia do triathlon) e n�o visavam lucro financeiro porque n�o eram profissionais da modalidade esportiva, pareciam ter apenas a vontade de superar, de atravessar a linha de chegada.
Ao assistir provas de Ironman no Brasil e no exterior e ver o estado degradante que muitos competidores e competidoras atravessavam a linha de chegada muitas perguntas surgiram.
O sofrimento e a persist�nciabonus online casinocontinuar a prova mesmo com muita dor pareciam um absurdo.
Para que estas pessoas passam por tudo isso? Por que estas mulheres desafiam seus corpos, seus limites? O que tem por tr�s desta busca por se tornar "Ironman", ou "Ironwoman"?
Neste trabalho pretendo, portanto, caracterizar a mulher contempor�nea no mundo e no Brasil, antes e ap�s os anos 60, marco do feminismo mundial, ebonus online casinoparticipa��o no esporte, para tentar desvendar a partir da caracteriza��o da mulher contempor�nea o que ela busca ao praticar esportes desbravados nabonus online casinomaioria por homens devido a caracter�sticas de for�a, resist�ncia, ou seja, esportes criados por homens e para homens.
Mais objetivamente este trabalho estudar� mulheres que praticam o Ironman, uma das dist�ncias do triathlon, talvez a prova do endurance mais longa e mais dif�cil que existe, pois condensa tr�s esportesbonus online casinoum s�: a nata��o, o ciclismo e a corrida.
O que as leva para este esporte, o que elas buscam atrav�s dele, qual a condi��o dessa mulher atleta na nossa sociedade e como ela percebe o homem.
Para tanto, caracterizarei a mulher contempor�nea, o esporte triathlon ebonus online casinomaior dist�ncia o Ironman, e utilizarei como metodologia a historia oral, que � uma forma de registro e comunica��o de mem�rias nas entrevistas das minhas sujeitas.
Hist�ria da Mulher no Esporte
Quando pensamos na participa��o feminina no esporte atualmente, � necess�rio voltar na hist�ria, principalmente porque o papel da mulher no esporte se mescla com seu papel social na hist�ria da humanidade.
O ciclismo foi o esporte que exerceu maior influ�ncia na emancipa��o f�sica das mulheres inglesas e americanas.
Atividade importada da Inglaterrabonus online casino1870 tornou-se muito popular nos Estados Unidosbonus online casinofinais de 1880, in�cio de 1890 e oferecia para as mulheres o potencial para a mobilidade f�sica e os benef�cios de uma recrea��o ativa e saud�vel, assim como um novo senso de liberdade da roupa restritiva, demandando o abandono dos espartilhos e a divis�o das saiasbonus online casinocal�as curtas ou bloomers (cal��es de mulher, folgados e compridos at� os joelhos) (Smith apud Mour�o, 2003).
Na segunda metade do s�culo XIX, o cen�rio europeu mostrava um crescente n�mero de ativistas femininas francesas que denunciavam a posi��o social inferior mesmo ap�s a Revolu��o Francesa (Devide, 2002).
J� desde o s�culo XX a mulher come�ou a exercer um papel mais ativo na sociedade industrializada.
Nesta mesma d�cadabonus online casinomuitos pa�ses as mulheres conseguiram o direito ao voto, assim como o acesso �s universidades e profiss�es acad�micas (Pfister, 2003).
Durante a Segunda Guerra Mundial a necessidade de substituir os homens que estavam no front, fez com que muitas mulheres trabalhassem desenvolvendo a��es sociais e participando da vida pol�tica, provando que poderiam assumir qualquer atividade profissional e ao final da Segunda Guerra o cen�rio caminhavabonus online casinofavor da igualdade de direitos (Devide, 2002).
No esporte a condi��o da mulher n�o era diferente, nada melhor para ilustrar este hist�rico sen�o a participa��o feminina no maior evento esportivo mundial, os Jogos Ol�mpicos.
A luta por direitos iguais entre homens e mulheres � refletida nos Jogos.
O restabelecimento dos Jogosbonus online casino1896 n�o previa a participa��o feminina, segundo Bar�o de Coubertin o idealizador dos Jogos Ol�mpicos Modernos, as atividades atl�ticas faziam as mulheres parecerem indecentes e grotescas, e pressupostos m�dicos preconizavam que a atividade f�sica poderia comprometer fun��es maternas (Cobert apud Devide, 2002).
As mulheres s� vieram participar dos Jogos Ol�mpicos a partir de 1900bonus online casinoParis, por�m com n�mero de participantes insignificante ebonus online casinomodalidades restritas como t�nis e golfe considerados belos esteticamente e que n�o ofereciam contato f�sico entre as participantes (Rubio & Sim�es, 1999).
At� 1924 a participa��o feminina sequer chegava a 5% do total de participantes (Carvalho, 2002).
Em 1928 teve inicio a participa��o feminina na gin�stica e nas provas de pista de atletismo (Pfister, 2003).
Em 1912,bonus online casinoEstocolmo, foi permitida a participa��o feminina nas provas de nata��o, ap�s v�rios anos de batalha.
Os Jogos de Los Angelesbonus online casino1932 e Berlimbonus online casino1936 tiveram um aumento consider�vel de participa��o feminina, chegando a 10% do total de participantes.
O desempenho feminino no esporte foi avan�ado e atingindo marcas antes apenas alcan�adas por homens.
As mulheres estavam lutando por seus direitos, mas as mulheres atletas, musculosas, fortes e suadas, ainda eram vistas como ofensivas e pouco femininas pela imprensa e pela sociedade ebonus online casinoidentidade sexual era posta sob suspeita por m�dicos e administradores esportivos.
Na d�cada de 1940, o mundo era divididobonus online casinodois blocos, o capitalista e o socialista.
Iniciava-se a Guerra Fria que utilizou o esporte, e tamb�m o esporte feminino para difundir e divulgar os ideais e as pot�ncias de cada bloco, atrav�s das vit�rias no esporte.
Como resultado disso, as mulheres tornaram-se uma arma importante para os dois blocos, que incentivaram e promoveram condi��es para o desenvolvimento do esporte feminino.
Apesar do crescimento da participa��o feminina nos Jogos na d�cada de 50, pressupostos m�dicos ainda conservavam a id�ia de que poderia ser danosa a sa�de da mulher provas de longa dist�ncia como a maratona.
Segundo Alonso (2002), foi a partir do questionamento de pap�is sociais provocado pelo movimento feminista na d�cada de 1960 que criticava os pressupostos de que as mulheres deveriam se dedicar exclusivamente a casa, a fam�lia e cultivar a feminilidade, que as mulheres passaram a participar mais de atividades esportivas.
For�a e m�sculos femininos passaram a ser mais aceitos na d�cada de 70, com o desenvolvimento do movimento fitness , que cultuava a beleza e a juventude do corpo feminino.
No entanto, os esportes de contato e equipes coletivas eram ainda associados � celebra��o da masculinidade e inaceit�veis ao g�nero feminino.
Nesta mesma d�cada, nos Jogos de Muniquebonus online casino1972, foi detectado o uso de ester�ides e anabolizantes por mulheres atleta.
Um recente estudo sobre estere�tipos de g�nero aplicados a mulheres atletas (Melo, Giovoni e Tr�ccoli, 2004) aponta que pessoas com pouca viv�ncia na �rea esportiva t�m uma imagem estereotipada de mulheres atletas julgando-as masculinizadas ao passo que pessoas envolvidas no meio esportivo utilizam outros crit�rios para avaliar a feminilidade da atleta que n�o apenas os m�sculos e a for�a constru�dos atrav�s dos treinamentos.
Na d�cada de 80 os m�dicos come�aram a se preocupar com os esportes que provocavam les�es no seio e com a amenorr�iabonus online casinoatletas, nesta mesma d�cada a opini�o m�dica mudou a favor da participa��o femininabonus online casinoprovas de longa dura��o e resist�ncia f�sica.
Apesar de maior n�mero de mulheres no esporte de alto n�vel, elas tinham menos eventos para participar e recebiam pr�mios inferiores.
As atividades n�o competitivas e de fitness eram o foco de programas de governo e iniciativas privadas.
No entanto, esta d�cada marcou a evolu��o feminina no esporte de alto rendimento que continuou evoluindo nos anos 90, incorporando valores de especializa��o e padroniza��o, at� ent�o experimentados apenas por homens.
O sacrif�cio do corpo tornou-se o significado do resultado e o corpo da mulher atleta foi apropriado por sistemas pol�ticos e econ�micos.
Em 2000, nos Jogos Ol�mpicos de Sydney a participa��o feminina atingiu a marca de 38,3% do n�mero total de participantes, por�m recebendo ainda menor cobertura da m�dia.
Na atualidade, segundo Adelman (2003), o mundo esportivo tem,bonus online casinoparte, incorporado a luta das mulheres para se apropriarem de espa�os existentes e/ou para criar novos.
Com a ruptura ou decl�nio da domesticidade feminina, o padr�o de fragilidade come�a a ceder terreno a um novo ideal, mais adequado � no��o de "mulher ativa" que come�a a construir-se, nas primeiras d�cadas do s�culo XX.
Por outro lado, a cultura da beleza femininabonus online casinonossa sociedade, que se vale do poder das imagens, incorporou a no��o de "mulher ativa" elaborando novos padr�es que desembocaram na atual �nfase ao fitness, e na busca do corpo magro e firme.
A persist�ncia desta ambival�nciabonus online casinorela��o ao significado da atividade f�sica e esportiva das mulheres sugere que esta seja um dos mais importantes espa�os de conflito relativos � corporalidade feminina na atualidade, e vinculada � outro campo de conflito, o da sexualidade (Adelman, 2003).
Segundo Bordo apud Adelman (2003) a feminilidade � produzida atrav�s da aceita��o de restri��es, da limita��o da vis�o, � uma est�tica forte que se constr�ibonus online casinocima do reconhecimento da falta do poder.
Neste contexto a recusa da mulher atleta � limita��o pode ser entendida como resist�ncia.
A atua��o nos esportes pode representar uma esp�cie de empowered femininity segundo Adelman (1993), se for constatada uma entrega a uma atividade auto determinada, orientada para a realiza��o de metas e prazeres mesmo que estes transgridam normas relativas � feminilidade, no sentido de postura, movimento, atitudes agressivas ou competitivas.
A mesma autora trabalha com a hip�tese de que a participa��o esportiva pode tornar-se uma forma de resist�ncia � feminilidade como uma est�tica e uma pr�tica de limita��o.
Desde a d�cada de 90, semin�rios e congressos para mulheres administradoras esportivas e t�cnicas, vem sendo um incentivo potencial para a evolu��o da mulher na arena esportiva mundial, no entanto, barreiras econ�micas, culturais, pol�ticas e religiosas ainda est�o presentes e impedem que muitas mulheres adotem a pr�tica esportivabonus online casinosuas vidas.
Mesmo com toda esta evolu��o hist�rica da mulher no esporte, nosso modelo de sociedade patriarcal n�o permite que experimentemos o respeito pela diferen�a de g�neros.
Segundo Kennard e Carter (1994) a mulher tanto na Antig�idade como no mundo moderno, tem sido estudada e descrita a partir de uma perspectiva euroc�ntrica masculina, perspectiva essa de quem est� no poder.
Conseq��ncia disso seria a interpreta��o tendenciosa de registros hist�ricos, que falam de uma hist�ria gen�rica da humanidade, mas que de fato retrata a hist�ria dos homens.
O esporte pertence a todos, sendo parte da cria��o humana e deve ser praticado por homens e mulheres para que se desenvolva plenamente (Park, 1987).
A Mulher e o Esporte no Brasil
Na sociedade brasileira patriarcal do final do s�culo XIX a mulher tinha o papel de m�e e esposa dedicada, propriedade do homem.
Enquanto os meninos cresciam fazendo exerc�cios guerreiros, voltados para a for�a, � disciplina; as meninas faziam exerc�cios leves, condizentes com a procria��o.
"�s meninas recomendavam-se o canto, a declama��o e o piano.
Os dois primeiros produziam o desenvolvimento dos �rg�os respirat�rios" (Armonde apud Mour�o, 1996).
Segundo a autora acreditava-se na "natureza" feminina e masculina, natureza essa constru�da pelas atitudes sociais e valores culturais, naturalizando os sistemas simb�licos e refor�ando as constru��es preconceituosas e discriminat�rias da pr�tica esportiva.
A partir desta representa��o, acreditavam na necessidade de ajustar a educa��o f�sica feminina com seu desenvolvimento reprodutivo.
O desenvolvimento intelectual feminino n�o despertava import�ncia (ao contr�rio, era desenfatizado), dado que os m�dicos e te�ricos sociais estavam convencidos de que a educa��o intelectual sobrecarregava as mulheres e roubava-lhes a energia de que a fun��o reprodutora e o desenvolvimento f�sico feminino necessitavam.
O esporte ainda representava para a maioria uma agress�o �bonus online casinofeminilidade, muito embora, bem dosado, pudesse trazer benef�cios para abonus online casinofun��o de reprodutora.
Como afirma Ara�jo apud Mour�o (1996), at� o final do s�culo XIX a mentalidade da sociedade brasileira era doente e atrasadabonus online casinorela��o � cultura f�sica.
As poucas mulheres que tinham acesso � pr�tica de atividades f�sico-desportivas, na �poca considerada coisa de homem e restrita aos homens, eram aquelas que pertenciam � elite e eram de fam�lias europ�ias que incentivavam a pr�tica de esportes.
As mulheres continuavam vivendo dominadas pelo estere�tipo da fragilidade; al�m da gin�stica, continuavam a praticar as atividades que eram mais recomendadas para o sexo feminino como canto, declama��o e dan�a, que desenvolviam suas fun��es respirat�rias e estimulavam a eleg�ncia.
Nos anos 1910, algumas poucas mulheres pioneiras, que tinham suporte familiar, praticavam o t�nis, a equita��o, o basquete, a nata��o, e muitas mulheres participavam como estimuladoras de torcidas.
As mulheres brasileiras come�aram a praticar esportebonus online casinoclubes na d�cada de 1920, este tipo de participa��o hoje, atingiu patamares especiaisbonus online casinotodo o pa�s.
Nos anos 1920 e 1930 apareceram as primeiras esportistas brasileiras.
Maria Lenk foi uma delas, nadadora, que nos anos 1920 foi a primeira mulher brasileira que se destacou no esporte.
Em 1932 nos Jogos Ol�mpicos de Los Angeles foi a primeira mulher a representar o Brasil numa competi��o ol�mpica.
At� hoje, Maria Lenk continua nadando e batendo recordes.
Al�m de brilhante atleta foi professora de Educa��o F�sica e se envolveu na organiza��o de esportes no �mbito nacional.
Em 1930bonus online casinoS�o Paulo, houve o primeiro campeonato feminino de bola ao cesto, esta d�cada foi marcada pelo in�cio do movimento de esportiviza��o feminina da sociedade brasileira, sobretudo nos grandes centros urbanos do pa�s (Mour�o, 2003).
Na Segunda metade do s�culo XX, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro o primeiro evento esportivo exclusivamente feminino, que marcou o processo da emancipa��o da mulher brasileira no esporte, os Jogos da Primavera, que eram uma grande festa social, esportiva e est�tica da �poca.
A fase p�s Jogos da Primavera alterou tabus, ebonus online casino1980 a jogadora de v�lei Isabel continuou atuando nas quadras at� o quinto m�s da gesta��o, provando que gravidez n�o � doen�a e que gesta��o e pr�tica da atividade f�sica podem caminhar juntas.
Apesar de a mulher brasileira estar desde os Jogos de Los Angelesbonus online casino1932 participando, apenas seis medalhas de um total de 67 medalhas que o Brasil j� acumuloubonus online casinoOlimp�adas, foram conquistadas por mulheres.
Somente no final da d�cada de 90 que as brasileiras alcan�aram a medalha ol�mpica.
Em 1996 nos Jogos de Atlanta o basquete feminino conquistou uma medalha de prata e o v�lei de praia feminino conquistou ouro e prata, com Jaqueline Silva e Sandra Pires; e M�nica Rodrigues e Adriana Samuel, respectivamente.
Em Sydney no ano de 2000, repetimos a fa�anha no v�lei de praia feminino, agora com a medalha de prata para Adriana Behar e Shelda e bronze para Adriana Samuel e Sandra Pires.
Nos Jogos Ol�mpicos de Sydney, dos 204 atletas da delega��o brasileira 94 eram mulheres, entretanto, estes dados n�o significam que no Brasil exista incentivo politicamente organizado para que as mulheres pratiquem esporte ou desenvolvam a atividade f�sica como um valor no seu cotidiano.
Muitas mulheres brasileiras ainda continuam fora da pr�tica esportiva porque nossa cultura ainda prega que a for�a, resist�ncia, e competi��o s�o aspectos do homem.
Mulheres atletas s�o consideradas muitas vezes masculinizadas, n�o apenas por seu corpo delineado, forte e com m�sculos, mas tamb�m pelas caracter�sticas psicol�gicas que carregam como, a determina��o, a persist�ncia, a busca de supera��o e o controle da dor.
A Hist�ria do Triathlon - O IRONMAN
O Triathlon � um esporte individual e de resist�ncia f�sica que combina tr�s modalidades: a nata��o, o ciclismo e a corrida, nesta ordem sem a parada do cron�metro durante as transi��es (Lef�vre, 2003).
Tornou-se modalidade Ol�mpicabonus online casino2000, nos Jogos Ol�mpicos de Sydney, com as dist�ncias de 1.
500 metros de nata��o, 40 quil�metros de ciclismo e 10 quil�metros de corrida.
Al�m destas dist�ncias, que denominam o "triathlon ol�mpico", existe o "short triathlon", a dist�ncia curta que � exatamente a metade da quilometragem do "triathlon ol�mpico" (750m de nata��o, 20 km de ciclismo e 5 km de nata��o) e o Ironman, a maior prova do triathlon.
A hist�ria do triathlon tem inicio com o surgimento do Ironman no Hava�.
Hist�rias contam que tudo come�oubonus online casinotorno de canecas cheias de cervejabonus online casinoHonolulu, na ilha de Oahu.
Marinheiros entre 30 e 40 anos, afogavam na cerveja a amargura da derrota numa corrida r�pida de revezamentobonus online casinoque haviam perdido para marinheiros mais jovens.
Inconformados com a derrota se perguntavam como poderiam provar que eram ainda mais resistentes e ainda capazes de ganhar dos mais jovens, e qual prova havaiana poderia comprovar isto, os 3.
800 metros de nata��o da tradicional Waikiki Water Swin, os 180 quil�metros de ciclismo da famosa Around the Island Race ou os intermin�veis 42.
195 quil�metros da maratona de Honolulu?
O capit�o da Marinha John Collins levantou o desafio de que a prova mais dura seria a que englobasse as tr�s provas mais dif�ceis da ilha juntas e no mesmo dia.
Em 18 de fevereiro de 1978, quinze homens se apresentaram para a largada do primeiro Ironman da hist�ria.
Atualmente as provas de Ironman acontecembonus online casinotodos os continentes s�o 23 seletivas divididas pela Europa, �sia, Oceania, �frica e Am�ricas, que definem 1500 competidores que v�o para a final onde tudo come�ou, no Hava�.
No Brasil, a primeira prova oficial de Ironman aconteceubonus online casinoPorto Seguro, Bahiabonus online casino1997.
Desde 2001 ela aconteceu na cidade de Florian�polis,bonus online casinoSanta Catarina e rende muita divulga��o e participa��o de muitos brasileiros e estrangeiros que desafiam as distancias do Ironman e sonhambonus online casinochegar ao Hava�.
Metodologia
Participaram desta pesquisa tr�s mulheres praticantes do Ironman no Brasil.
A idade das participantes, residentes na cidade de S�o Paulo, flutuou entre 28 e 38 anos e teve uma m�dia de 31 anos.
Entre as participantes havia duas profissionais da Educa��o F�sica que trabalhambonus online casinoacademias e como personal trainer e uma profissional da �rea de nutri��o.
A escolha das participantes teve como crit�rio o g�nero feminino, a participa��obonus online casinopelo menos dois Ironman e a n�o profissionaliza��o no esporte.
Os estudos de g�nero, como resultado das lutas feministas dos anos 1960, passaram a ser levadosbonus online casinoconta na pesquisa social e psicol�gica.
Segundo Coutinho (2006), o g�nero passou a ser considerado ponto de an�lise das estruturas de poder, organiza��es das institui��es sociais e formas de controle ideol�gico das sociedades modernas.
Neste sentido a narrativa e o relato das mulheres t�m se mostrado especialmente importantes.
Uma an�lise da linguagem e dos significados por elas empregados nos permite compreender melhor como as mulheres est�o vendo e se vendo na cultura na qual vivem.
A entrevista inicia-se com o pedido que o sujeito contebonus online casinohist�ria de vida.
Este m�todo pressup�e que quando os indiv�duos contam suas hist�rias de vida resgatam apenas o que � mais significativo, a hist�ria contada n�o � necessariamente real, mas este m�todo busca o que � verdade para o sujeito, busca o lado humano e pessoal da hist�ria.
A hist�ria oral preconiza que o relato do individuo n�o � apenas individual, traz tamb�m o coletivo porque este pertence a um contexto social.
Segundo Bosi (1994), toda mem�ria pessoal � tamb�m social, familiar, grupal, e por isso ao recuper�-la � poss�vel captar os modos de ser do indiv�duo e dabonus online casinocultura.
A import�ncia da discuss�o sobre hist�rias de vida, afirma Rubio (2006), se d�bonus online casinofun��o dos relatos orais terem se constitu�do desde o final do s�culo XIX como uma t�cnica qualitativa por excel�ncia.
Isso porque eles permitem ao pesquisador por meio do som e do tom da fala do entrevistado, da sutileza dos detalhes da narrativa e das v�rias facetas do fato social vivido, ter acesso aos conte�dos de uma vida que pode ser tomada como individual, mas que carrega consigo elementos do momento hist�rico e das institui��es com os quais manteve rela��o.
A hist�ria de vida � uma forma particular da hist�ria oral.
Emergem dessa narrativa os acontecimentos considerados significativos na trajet�ria da vida pessoal ou do grupo ao qual o indiv�duo pertence, cabendo ao pesquisador perceber o que ultrapassa o car�ter individual do que � relatado e o que est� inscrito na coletividade � qual o narrador se insere (Rubio, 2006).
Este m�todo foi escolhido para que atrav�s das hist�rias de algumas atletas, possamos entender melhor a hist�ria de muitas atletas apresentando elementos da hist�ria da mulher atleta no Brasil.
A pesquisadora entroubonus online casinocontato com as participantes, apresentando esta pesquisa como um trabalho que pretendia avaliar a condi��o da mulher no esporte, atrav�s de mulheres praticantes de Ironman.
Foram agendados encontros individuais com as participantes, que determinam a data e o local da entrevista.
Todas as entrevistas foram gravadasbonus online casinofita cassete com o consentimento dos participantes.
A pesquisadora procurava interferir o m�nimo poss�vel nas entrevistas, abstendo-se de fazer coment�rios que demonstrassem aprova��o ou reprova��o das mesmas.
Ao final da entrevista solicitava-se que cada participante assinasse uma autoriza��o para a divulga��o dos dados da entrevista com garantia de anonimato.
Resultados
A partir das tr�s entrevistas foram encontrados elementos recorrentes que foram considerados categorias de an�lise, cada um dos temas destas categorias s�o relevantes para discutir o que levam estas mulheres a praticar o Ironman, o que elas buscam atrav�s dele, qual a condi��o da mulher atleta na nossa sociedade e como � a rela��o desta mulher atleta com o homem:
� A influ�ncia familiar, na inicia��o esportiva, a pr�tica esportiva na inf�ncia e o incentivo e apoio familiar na pratica atual.
� A profiss�o e o esporte, a escolha da carreira profissional diretamente relacionada com o esporte.
� A vida social e o esporte, como os relacionamentos sociais se d�o atrav�s do esporte.
� A condi��o da mulher atleta, como ele � vista no esporte e na sociedade, quais as dificuldades e facilidades.
� As diferen�as de g�nero, o que elas pensam sobre os homens e quais os poss�veis conflitos.
� A busca pela supera��o, de limites f�sicos, psicol�gicos, sociais e culturais.
A influ�ncia familiar relatada nas entrevistas mostra a import�ncia do apoio e incentivo, principalmente dos pais para tanto o in�cio da pratica como para a continuidade no esporte.
Assim comobonus online casino1910, quando as pioneiras no esporte brasileiro tinham o apoio e incentivo da fam�lia a maioria delas de descend�ncia europ�ia, ainda hoje este apoio familiar � um fator importante e quase determinante para a inicia��o esportiva das mulheres entrevistadas.P."...
Minha m�e resolveu me colocar numa escolinha de esportes e eu optei pela nata��o."
Nesta coloca��o fica claro o incentivo a pr�tica esportiva que esta mulher tinha desde a inf�ncia e inclusive a possibilidade de optar pelo que gostaria de fazer.J."...
tudo o que eu fa�o no esporte eles me incentivam e incentivaram muito, gostam pra caramba, acho que tem muito mesmo da minha fam�lia de gostarem de acompanharem..." J."...
no sentido psicol�gico me ajuda muito, eu estar fazendo algo que pros meus pais � demais! Que eles ficam orgulhosos..."
O apoio da fam�lia deixa o caminho aberto para o in�cio no esporte.
Como na inf�ncia os maiores modelos s�o as figuras do pai e da m�e, o incentivo e a experi�ncia esportiva de algum deles, s�o fatores determinantes para a crian�a se interessar pela pr�tica de uma modalidade esportiva.
A busca pelo amor e o desejo de aprova��o dos pais levam o filho ou a filha, a se interessar e praticar aquilo que os pais gostam ou valorizam.
Aparece tamb�m nas entrevistas uma caracter�stica pessoal dessas mulheres que desde a inf�ncia tinham liga��o pessoal com o esporte e com a competi��o, provavelmente por terembonus online casinocasa pais ligados ao esporte ou que valorizavam a pratica esportiva.
Lembremos que nossas entrevistas nasceram por volta da d�cada de 70, dez anos ap�s a eclos�o do movimento feminista, que questionou a condi��o da mulher e quebrou muitas restri��es impostas pelo universo machista, inclusive a participa��o de mulheresbonus online casinoatividades f�sicas.P."...
desde pequena tenho uma liga��o com o esporte, me identifiquei muito mais com a bicicleta do que com a boneca..."
O andar de bicicleta como P.
cita acima, d� uma condi��o de ir e vir, liberdade, autonomia e independ�ncia, tudo o que as mulheres p�s anos 60 buscavam, n�o � por menos que o ciclismo foi o primeiro esporte que ainda no s�culo XIX, exerceu maior influ�ncia na emancipa��o feminina.
Em contraponto, a brincadeira de boneca e de casinha lembra o preparo da menina para ser m�e e dona-de-casa e o cultivo da feminilidade.Na frase acima, P.
d� mais sinais de que preferia a independ�ncia e a liberdade, a levar uma vida de dona-de-casa, o que acaba se concretizando nas escolhas que fez ao longo debonus online casinovida.L."...
desde pequena subiabonus online casinogalho de �rvores, subiabonus online casinoparede,...
desde que me conhe�o por gente gosto de esporte, sempre fui competitiva at� nas brincadeiras da escola.
Fiz gin�stica ol�mpica, era militante do Clube P..."Assim como P., L.
privilegiava desde a inf�ncia as atividades que exigiam esfor�o f�sico, agilidade motora, liberdade, risco e neste caso a competi��o.
A veia competitiva desde a inf�ncia traz algumas hip�teses: pode ser que L.
tenha tido contatos freq�entes com ambientes competitivos, pode ter sido incentivada a ser a melhor, a mais r�pida, a mais �gil desde cedo, ou ainda pode ter tido a necessidade de ser competitiva na busca de ser a melhor, simplesmente para se sentir notada.
Educadas num per�odobonus online casinoque se exigia igualdade de direitos e que sexo fr�gil era coisa do passado, as mulheres entrevistadas neste trabalho n�o foram criadas obrigatoriamente para serem donas de casa e procriar como acreditava a sociedade brasileira no inicio do s�culo XX, podiam brincar como os meninos, realizar atividades que exigia for�a f�sica, como andar de bicicleta e subirbonus online casino�rvores, e at� serem competitivas como uma maneira de ser notada e valorizada.
Al�m disso, por fazerem parte de uma camada da sociedade mais privilegiada tiveram certos recursos materiais e culturais que as mobilizaram tanto para o acessobonus online casinosi ao esporte quanto, como afirma Adelman (2003), o acesso aos processos de negocia��o que permitem a amplia��o das esferas sociais de participa��o e poder feminino, talvez por isso tenham feito a escolha por uma modalidade que ultrapassa tantas barreiras de g�nero.
A partir da inf�ncia essas mulheres levam o esporte e as caracter�sticas que desenvolveram atrav�s dele, parabonus online casinovidabonus online casinogeral, tanto na escolha da profiss�o como na escolha dos amigos, namorados e noivos.
O ambientebonus online casinoque elas vivem � um ambiente esportivo, que come�ou na inf�ncia, continuou com a pr�tica esportiva na adolesc�ncia, e com a op��o pela carreira profissional no inicio da vida adulta.J."...
ia prestar Economia mas na hora de preencher a inscri��o do vestibular vi que n�o tinha nada a ver e coloquei Educa��o F�sica."
A escolha profissional de J.
mostra a total liberdade que a mulher da d�cada de 90 tinha para poder optar pelas diversas �reas profissionais, desde as racionais e exatas,bonus online casinogrande parte preferida por candidatos masculinos como a Economia, quanto a op��o que se relacionava combonus online casinoafinidade e identifica��o, que no caso de J.
era Educa��o F�sica.L.
"Eu queria fazer jornalismo, mas meu pai falou pra mim: Voc� se imagina fazendo outra coisa que n�o o esporte? � eu achei que era verdade e fiz Educa��o F�sica"
Novamente a fam�lia, no caso a figura paterna, � fator determinante quanto � escolha, agora com rela��o � profiss�o.Certamente L.
j� tinha este desejo de cursar Educa��o F�sica, entretanto podemos pensar que foi "sugest�o" ou "permiss�o" do pai que a fez deixar de lado uma op��o socialmente bem aceita para uma mulher como o Jornalismo, para se aventurar na Educa��o F�sica.P."...
resolvi fazer Nutri��o, a Nutri��o sempre com rela��o ao esporte, o que tem que comer antes, o que tem que comer depois, eu sempre tive esse interesse."
Apesar de n�o ter escolhido a principio a Educa��o F�sica (depois cursou tr�s anos na �rea), P.
optou pela Nutri��o deixando claro desde o in�cio que seu desejo era pela Nutri��o Esportiva, op��o que podia esclarecer suas d�vidasde atleta.
Apenas ser esportista, n�o era o bastante para nossas entrevistadas que vislumbravam uma profiss�o, um emprego para se sentirem produtivas e terem uma independ�ncia financeira, caracter�sticas da mulher moderna que cria seus objetivos profissionais e se planeja para alcan��-los.
Ap�s a contesta��o expl�cita do movimento feminista da assimetria da divis�o sexual do trabalho a mulher passou a enfrentar uma dupla jornada, na esfera p�blica e privada, al�m do papel reprodutivo e dom�stico, passou a ter papel importante no mercado de trabalho.
Isso se verifica nas entrevistadas, todas brancas e de fam�lias de classe m�dia e alta, inseridasbonus online casinoum meio onde h� expectativas (mesmo quando ambivalentes) de que as jovens se realizem atrav�s da educa��o, da profissionaliza��o e do acesso aos recursos mais diversos da esfera p�blica.
As oportunidades que tiveram, quando desde pequenas descobriram seu interesse pelo esporte, surgem num contexto muito maior de incentivo do que de limita��o.
Assim, o envolvimentobonus online casinoum esporte de alto risco pode ser visto como um cen�rio onde conflitos entre possibilidade e limita��o produzem tens�es, gerando a discuss�o sobre o desafio a no��es de fragilidade ou inferioridades femininas.
Por poderem optar e participar da esfera educativa, p�blica e esportiva, essas mulheres n�o ficam presas � ambival�ncia sobre esporte e feminilidade que imperam na sociedade brasileira atual.
O corpo da triatleta, relatado pelas entrevistadas, n�o � visto como masculinizado, tamb�m n�o � o corpo d�cil e fr�gil de antes do Movimento Feminista, mas tamb�m n�o � o corpo do fitness, que normatiza a beleza e feminilidade atuais.
As triatletas desta pesquisa reformulam a id�ia sobre o corpo feminino, suas formas e suas capacidades, alterando fronteiras e par�metros.
Elas extraem dos seus corpos a for�a, a resist�ncia e a capacidade de supera��o, como uma possibilidade de poder.
O esporte, no caso o Ironman, se torna um terreno para re-significa��es do feminino, ao colocar as mulheres na posi��o de sujeito, onde elas mesmas definem outras formas de "ser mulher".
O esporte tamb�m aparece na vida dessas atletas como um meio importante para se socializar:L."...
nunca gostei de sair � noite de ir ao shopping, minha m�e achava que eu era um pouco deprimida, mas na verdade era porque n�o achava a minha turma, agora ela viu que sou uma pessoa muito mais feliz, no triathlon achei a minha turma."
Fazer parte de um grupo e ser aceita � importante para qualquer pessoa, principalmente quando se � adolescente, quando n�o se identifica com o grupo, o adolescente vive a exclus�o.
Isso pode ter acontecido com L.
, que na adolesc�ncia se deparou com um grupo que gostava de shopping e sair � noite, enquanto que seu desejo era outro.No entanto, L.
achou o seu grupo no esporte e se identificou com os triatletas, a partir deste momento pode sentir-se acolhida, entendida e mais feliz.P."...
em S�o Paulo me envolvi com o esporte porque foi uma maneira de eu me socializar, eu n�o tinha ra�zes de relacionamentobonus online casinoS�o Paulo...
o esporte pra mim foi uma porta que se abriu para eu me relacionar com as pessoas, e no meio que eu queria era reunir o �til ao agrad�vel."
O esporte aparece para P.
como uma ferramenta importante, atleta desde a inf�ncia, sentia-se muito segura no espa�o esportivo como se estivesse "em casa".
Entretanto muito longe debonus online casinocasa, utilizou o esporte para se socializar, j� que fazia parte deste grupo, se identificava com ele e era acolhida.
Acabou reunindo neste cen�rio, um meio para se sentir segura mesmo distante de casa, se relacionar e trabalhar.
O cen�rio esportivo nas d�cadas de 80 e 90 era a favor da participa��o da mulherbonus online casinoatividades f�sicas e foi um momento de grande evolu��o do esporte feminino.
Nesta mesma �poca o culto a beleza feminina e a preocupa��o est�tica do corpo da mulher tomaram grandes propor��es.
O esporte come�ou a se tornar um espa�o onde a mulher era bem aceita.J."...
em 98 comecei a namorar com um triatleta que fazia Ironman e comecei a treinar junto com ele."
Assim como buscamos a aprova��o e desejamos o amor de nossos pais, queremos o mesmo de nosso parceiro, namorado ou namorada, gostamos de provar o quanto somos capazes e bons no que fazemos.L."...
o meu ex-namorado eu conheci no triathlon, o meu noivo atual eu conheci no triathlon, esta tudo ligado ao esporte."Na frase de L.
fica claro que seu grupo,bonus online casino"tribo", � o triathlon.
Fazer parte deste grupo restrito leva a buscar parceiros e amigos com quem se identifique.J."...
o esporte me traz trabalho, amizades novas, viagens, me traz vontade de fazer todas essas coisas,...
eu curto estar com estas pessoas que fazem a mesma coisa que eu, o esporte me traz muita felicidade mesmo!"J.
volta a mostrar o quanto desejamos estar pr�ximos de quem nos identifica.
Al�m disso, indica o poder que o esporte lhe d�, possibilitando trafegar pela esfera p�blica e privada de maneira livre, espont�nea e leg�tima.
Quando elas se referem � condi��o da mulher atleta de Ironman na sociedade e principalmente com rela��o aos homens, aparecem vantagens e desvantagens.
Seus discursos contradit�rios tamb�m expressam a ambival�ncia do imagin�rio social atual com rela��o �s mulheres atletas.
Quanto �s vantagens, aparecem nas entrevistas � admira��o pela mulher atleta capaz de fazer uma prova de Ironman de superar os limites da condi��o feminina, de se sobressair num meio majoritariamente masculino, ser aceita e valorizada.
Lembrando da condi��o hist�rica da mulher no esporte, deu-se um grande salto, o pr�prio idealizador dos Jogos Ol�mpicos Modernos, Bar�o de Coubertin, considerava que a atividade f�sica fazia a mulher parecer indecente, assim como pressupostos da sociedade do s�culo XX que achavam ofensivo uma mulher forte e musculosa.
Como j� relatado, uma recente pesquisa sobre estere�tipos de g�nero aplicados a mulheres atletas (Melo, Giovoni e Tr�ccoli, 2004) aponta que pessoas envolvidas no meio esportivo utilizam outros crit�rios para avaliar a feminilidade da atleta e que n�o enxergam m�sculos e a for�a como aspectos masculinos.
Atualmente o padr�o de beleza brasileiro prev� m�sculos nas mulheres bonitas, que s�o consideradas "saradas", as academias est�o cheias de garotas querendo um "corpo de atleta" atrav�s da muscula��o.
Essa evolu��o da condi��o da mulher atleta traz as vantagens citadas pelas entrevistadas.J."...
Eles falavam pra mim "nossa que tempo bom que voc� fez!"- e isso me incentivou muito..." L."...
eu acho que eles admiram a mulher que faz o Ironman porque sabem que � dif�cil.
Todos os homens que conhe�o me d�o o maior incentivo."
Quando os homens reconhecem a capacidade feminina e d�o um "feedback positivo", est�o refor�ando o feito da mulher, que se sente incentivada a continuar na pr�tica.
O olhar masculino e seu incentivo s�o particularmente importantes para as mulheres, porque � o olhar de quem � dominante, n�o apenas no esporte porque est�bonus online casinomaior n�mero, mas na sociedadebonus online casinogeral tamb�m porque � quem freq�entemente tem maior poder e status.P."...
eu sempre percebi privil�giosbonus online casinoser mulher, a gente sempre foi super bem aceita porque era mulher no meio de um mont�o de homens.
Sempre percebi uma aceita��o, uma admira��o porque a gente fazia parte de um grupo diferenciado, ent�o a gente se orgulhava, curtia, desfrutava mesmo."
A mulher triatleta faz parte de um grupo restrito, apesar de atualmente termos um n�mero muito maior de praticantes do sexo feminino.Como cita P.
a triatleta faz parte de um grupo diferenciado e acaba sendo diferenciada dentro do pr�prio grupo que admiram e aceitam esta mulher.
Como j� relatado, a triatleta diferente das mulheres da academia e das mulheres com ocupa��es exclusivamente dom�sticas, ocupam um espa�o diferente no cen�rio esportivo e se apropriaram do seu corpo, debonus online casinofor�a e de seus desejos, re-significando e redefinindo o "ser mulher".
De certa maneira sugere-se que a princ�pio esta mulher atleta inicia no esporte buscando o desejo e aprova��o de seus pais e da sociedadebonus online casinogeral e num segundo momento passam a buscar os seus desejos por possuir recursos culturais e pessoais e ter acesso aos processos de negocia��o que permitem a amplia��o da participa��o e do poder feminino.
Assim, recusam o estere�tipo de feminilidade fr�gil e d�cil, recusando a limita��o imposta por este perfil e buscam atrav�s de posturas firmes e competitivas a valoriza��o e o respeito.
No entanto, ser mulher e ser atleta nos dias de hoje tem suas dificuldades, apesar do incentivo dos homens praticantes do mesmo esporte, a cultura esportiva, os organizadores de provas e as institui��es esportivas continuam privilegiando os atletas masculinos com premia��es melhores e maior cobertura na m�dia.
Isto refor�a a id�ia de que mesmo com todo o avan�o, n�o existe incentivo politicamente organizado no nosso pa�s para o desenvolvimento do esporte feminino.P."...
em geral a premia��o era sempre menor para as mulheres..."
A condi��o de ser mulher e ser atleta tamb�m cria conflitos quando o assunto e relacionamento afetivo, as entrevistadas relatam ter tido dificuldades com namorados que se incomodavam com o fato delas serem mais competitivas que eles ou darem prioridade para o esporte.L."...
� engra�ado que ao mesmo tempo que eles estimulam, n�o gostam de perder de mim, a� vem a desculpa de c�ibra, da noite mal dormida, ent�o eles estimulam at� certo ponto.
Eu tive um relacionamento que terminoubonus online casinoparte por causa disso, para ele incomodava o fato de eu chegar na frente dele."
Fazer parte de um grupo de maioria masculina, como no caso do triathlon, � toler�vel para os homens, j� que as mulheres aqui estudadas t�m caracter�sticas que os homens valorizam e at� se identificam como j� vimos.
Entretanto os "machos" deste grupo, como nos demais grupos da sociedade entendem que o poder da for�a, da velocidade e da resist�ncia e da vit�ria est�bonus online casinosuas m�os, por isso o conflito quando a mulher � mais veloz, � mais resistente, � melhor no esporte.
� fato que existe uma ambival�nciabonus online casinorela��o ao significado da atividade esportiva das mulheres.
O esporte atual permite que homens e mulheres disputem uma mesma modalidade com as mesmas exig�ncias, assim como acontece no Ironman.
Nesta competi��o homens e mulheres largam juntos e percorrem a mesma dist�ncia, sofrem com as mesmas dificuldades do percurso e tem a possibilidade de se encontrar na linha de chegada, o que gera um conflito de disputa de poder.
Segundo Bordo apud Adelman (2003) a feminilidade � produzida atrav�s da aceita��o de restri��es e se constr�ibonus online casinocima do reconhecimento da falta do poder.
No caso das mulheres triatletas acontece o inverso, elas, ao aceitarem competir um Ironman e disputar com os homens, desafiam as restri��es impostas pelo estere�tipo da feminilidade e buscam atrav�s deste movimento de transgress�o, o reconhecimento do seu poder.
Estar � frente dos homens causa desconforto a eles, que ainda v�em com dificuldade esta nova posi��o social da mulher, que vem rompendo barreiras sociais e limites f�sicos.P "...
quando eu almejava um relacionamento com uma pessoa que n�o era desse nicho (esporte triathlon) e que n�o conseguia acompanhar o ritmo, se sentia menor, eu acho que assusto um pouco as pessoas que n�o s�o do meio."Este exemplo de P.
ilustra ainda melhor a situa��o.
O conflito aparece porque nossa sociedade � marcada por diferentes graus e maneiras de domin�ncia masculina, o homem foi sempre o mais poderoso, por�m atualmentebonus online casinoalguns cen�rios como o esporte, � poss�vel observar a invers�o de poder, o que ainda incomoda e constrange alguns homens.P."...
o homem sendo machista, quer se sobrepor de alguma forma, ent�o uma mulher bem sucedida na profiss�o e no esporte se sobrep�e ao masculino, ent�o ou eu tinha que mudar ou procurava semelhantes."Aqui P.
colocabonus online casinopauta a dificuldade que os homens possuem de perceber que a mulher agora atua na esfera p�blica e privada e tem a possibilidade de ser reconhecidabonus online casinoambas as �reas.
A mulher moderna, atleta e profissional bem sucedida � uma combina��o que tempos atr�s seria imposs�vel, no entanto, a mulher de hoje vem ocupando lugares antes alcan�ados apenas pelos homens, isso abala estruturas e padr�es de comportamentos constru�dos ao longo dos tempos, principalmente quando diz respeito �s rela��es afetivas entre homens e mulheres.
A adapta��o a essas novas id�ias vem acontecendo gradativamente, por�m nem todos est�o preparados, alguns se apavoram, outros n�o sabem lidar com a situa��o, entre eles homens e mulheres que est�o tendo juntos, que se adaptar a uma nova realidade: a mulher conquistando altos cargos profissionais, alcan�ando recordes esportivos masculinos e exigindo seus direitos e desejos.
Com rela��o �s diferen�as de g�neros as mulheres concordam que elas existem e que t�m que ser respeitadas, os atributos f�sicos do homem aparecem como determinantes da superioridade masculina no esporte, mas as mulheres apontam para uma superioridade feminina quando a quest�o � emocional.J."...
a mulher se d� muito bem com a dificuldade, suporta mais a dor, consegue dar colo, lida melhor com a c�ibra.
O corpo da mulher tem mais gordura e sai um pouquinho mais na frente numa prova de Ironman.
O homem tem mais facilidade de ter velocidade, for�a ent�o o tempo dele � realmente melhor do que o da mulher." L."...
A mulher tem uma for�a uma persist�ncia maior,...
o homem tem um neg�cio de ego � muito mais valioso que a mulher nesse sentido, se ele � ultrapassado por algu�m se acaba, enquanto a mulher busca uma coisa pra ela mesma."
Nesta frase aparece a necessidade do homem de provarbonus online casinofor�a e virilidade aos demais machos da esp�cie.Segundo L.
a mulher como n�o precisa necessariamente provar para as demais poder e virilidade, busca provar para si mesma e conseq�entemente para a sociedade, que � capaz e poderosa.
A partir das entrevistas � poss�vel supor que no caso do g�nero feminino os homens e a sociedade s�o os advers�rios, enquanto que as demais atletas femininas est�o unidas para provar que s�o t�o capazes quanto os homens e merecem seu devido valor na nossa cultura esportiva e na sociedadebonus online casinogeral.P....
"Tem uma quest�o do feminino, da administra��o da situa��o, da intui��o, do proteger, do acolher, do ser m�e, do nutrir, isso � forte e faz defer�ncia."
A mulher n�o precisa se masculinizar para conseguir seus direitos e ser respeitada, as caracter�sticas do g�nero feminino s�o determinantes quando abonus online casinocapacidade de atua��o e realiza��o.P."...
eu sei que eles s�o bons fisicamente porque s�o homens, mas na hora o estresse "do pega pra capar", n�o sei com v�o se comportar, a� eu fico insegura.
A mulher n�o "arrega" ela administra melhor o aspecto emocional."P.
indica que quanto a equil�brio emocional confia mais na mulher na hora de lidar com situa��es de conflito, enquanto que os homens �s vezes desistem ou se destemperam e partem para a luta f�sica, numa busca de demonstrar e confirmar seu poder aos demais da mesma esp�cie.L.
"N�o d� pra lutar de igual pra igual com os homens, somos diferentes, e temos que usar nossas diferen�as para superar at� eles, n�o com as mesmas armas, mas com suas pr�prias armas voc� consegue chegar na frente de muitos deles."L.
indica que as mulheres lutam e disputam por espa�o com os homens e v�m se organizando e se modificando para serem reconhecidasbonus online casinop� de igualdade.
Como as pr�prias entrevistadas comentam homens e mulheres s�o diferentes, no entanto na hist�ria da mulher no esporte esta diferen�a j� foi bem maior, no que diz respeito aos direitos fundamentais de participa��o da mulher, por exemplo.
O esporte foi e vem sendo um espa�o de busca de ascens�o feminina e atualmente podemos observar grandes conquistas da mulher que tem seu direito a participa��o garantida, reconhece a diferen�a dos sexos e a superioridade da for�a masculina, e apesar de terem desenvolvido e utilizado caracter�sticas que chamamos de "masculinas" valorizam as caracter�sticas femininas como virtudes que s� elas possuem.
Para trilhar este caminho cheio de obst�culos a mulher teve que desenvolver a capacidade de superar desafios, no caso das entrevistadas essa caracter�stica � muito marcante, a busca pela supera��o � n�tida e pode ser observada pela escolha da modalidade esportiva que praticam, que exige muita for�a, resist�ncia, determina��o e perseveran�a.
A partir das entrevistas � poss�vel distinguir enumeras possibilidades do que chamamos apenas por supera��o.
O primeiro tipo de supera��o � a f�sica, o trabalho permanente com o limite do corpo, com o controle da dor, com o aumento da for�a e resist�ncia.L.
"O Ironman d�i muito e os treinos para o Ironman s�o muito sofridos." P."...
se � uma dor que sei que tenho que aturar eu aturo..."
O saber que tem que ag�entar a dor, � a consci�ncia de que tem que passar pela dor para alcan�ar a linha de chegada, para vencer, para sentir o sabor da realiza��o e da valoriza��o, aqui fica claro a quebra de paradigma da feminilidade pela mulher triatleta que redefine suas caracter�stica, recusando a feminilidade fr�gil e se apropriando de novas capacidades, inclusive o controle da dor e a supera��o f�sica.P."...
essa coisa de fazer esporte de endurance te leva a supera��o do limite f�sico".
O corpo f�sico feminino, antes pensado sob a perspectiva de corpo fr�gil, fraco, feito apenas para procriar, agora se tornou capaz de ultrapassar limites, atingir marcas e suportar a dor, dor esta que est� relacionada ao melhor controle emocional citado pelas entrevistadas, sem esquecer, por�m, da capacidade de procriar e, portanto, sentir as dores do parto.
Segundo as entrevistadas o corpo da mulher foi feito para suportar melhor a dor.
Outros dois tipos de supera��o que aparecem junto com a supera��o f�sica s�o a cultural e a social.
A supera��o cultural est� relacionada � busca feminina pelos seus direitos e espa�o no cen�rio esportivo e na sociedade; e a supera��o social atrav�s da ascens�o social, est� associada � valoriza��o que as atletas femininas conseguem atrav�s do esporte, principalmente atrav�s de um esporte exigente como o Ironman.L.
"Acho que uma das raz�es da busca feminina por este esporte � essa ascens�o social da mulher, essa vontade de querer ter um pouco do espa�o dos homens, n�o � querer ser homem, mas chegar junto com eles".L.
deixa claro o quanto as mulheres ainda buscam um espa�o na nossa cultura, e a igualdade junto aos homens e a sociedade.P.
" quem me conhece sabe que eu treino h� 15 anos, bem ou mal, isso me d� um status,...
, o que me ajuda ser aceita".P."...
as pessoas valorizam essa mulher, me elogiam fazem coment�rios..."
O esporte tamb�m aparece como uma ferramenta para a ascens�o social, ser atleta, boa atleta, assim como ser boa profissional, traz reconhecimento e aceita��o por parte de sociedade.P "...
o Ironman se torna um objeto de poder que voc� pode usar e se beneficiar de todos os modos, aceita��o, de valoriza��o, de realiza��o..."Nesta frase P.
explicita qu�o poderoso � o Ironman e quanto desejado ele �, j� que traz tantos benef�cios, principalmente para uma mulher quem vem buscando esta aceita��o, valoriza��o e realiza��o historicamente.
Aliado e integrado a todas as formas de supera��o est�o as supera��es psicol�gicas: o se superar, o superar o outro, o superar buscando aprova��o, o superar na busca de transcender, o superar na busca da realiza��o pessoal.
� poss�vel supor que o envolvimentobonus online casinoum esporte que leva ao limite da vida e da morte � uma forma de elaborar e lidar com conflitos pessoais, sociais e culturais.
Esta participa��o feminina pode ser vista como um cen�rio onde os conflitos entre "possibilidade" e "limita��o" produzam tens�es, criando novas perspectivas das no��es de fragilidade e inferioridade versus for�a e poder.� Supera��o: L."...
tem coisas no Ironman muito interessantes, esse neg�cio de se superar de ganhar pela persist�ncia, mesmo se voc� est� se sentindo mal, pode se concentrar e acabar indo super bem".
A partir do discurso de L.
� poss�vel perceber que h� um desejo pessoal e uma persist�ncia na busca da supera��o que gera muita satisfa��o.J."...
durante uma prova de Ironman voc� passa por horas de total depress�o e de total �xtase, quando voc� termina � que voc� sente que realmente voc� pode, � uma for�a l� de dentro que voc� leva para outras coisas na vida fora do esporte."
Apesar de sentir sensa��es t�o opostas e contradit�rias, J.
mostra que a sensa��o de terminar o Ironman � de poder, um poder que pode ser estendido para as demais situa��es do cotidiano e s� pode ser conquistado se existe uma nega��o da limita��o produzida pelo estere�tipo de feminilidade e se, s�o percebidas e constru�das as novas possibilidades de atua��o como mulher.J.
"No Ironman o meu objetivo � sempre me superar, estar contente com o que fiz, � triste n�o terminar."
N�o terminar o Ironman leva a frustra��o, pensando no Ironman como aquele objeto de desejo que traz tantos benef�cios, a incapacidade de terminar a prova contesta o poder do atleta e suas expectativas quantobonus online casinocapacidade de supera��o.
� Superar o outro: J."...
o que mais me leva pro Ironman mesmo � o gostinho de al�m de terminar ganhar, porque sou muito competitiva.
O melhor sentimento � o de satisfa��o de ganhar, de ver que � melhor do que os outros".Para J.
a sensa��o de poder e realiza��o se ampliam quando al�m de terminar uma prova ela ainda ganha das demais atletas.
� poss�vel supor que no seu caso haja uma necessidade pessoal de al�m de ser uma boa atleta capaz de superar-se tem que ser capaz de superar os demais, ou seja, uma grande necessidade de supera��o, que pode estar vinculada a desejos ou conflitos pessoais de poder e limita��o que nunca entroubonus online casinocontato e que podem estar sendo transferidos para seu comportamento esportivo.L."...
no Ironman tem que lutar muito, muito mesmo, na primeira vez que fiz tinha a expectativa de ser a primeira, foi uma queda do cavalo, mas n�o me desestimulou pelo contr�rio me deu mais vontade de continuar.
Meu objetivo � melhorar, ser a primeira da minha categoria e ir para o Hava�".Novamente L.
mostrabonus online casinocaracter�stica marcante, a persist�ncia e indica o quanto as mulheres continuam lutando para conseguir o que desejam e no seu caso o quanto ainda luta para buscar algo, que racionalmente � ser vencedora e ir para o Hava�, mas subjetivamente pode estar numa constante luta de provar algo para algu�m, de buscar reconhecimento dos outros, de ser notada e valorizada, hip�teses que apenas abonus online casinopr�pria reflex�o poder� comprovar ou n�o.� Transcender: L."...
em treinos longos tenho uma capacidade meio de hipnose, de bem estar, de sentir estar com Deus.
O esporte me transcende, me deixa pr�xima de Deus, � como se fosse minha reza."
A pr�pria capacidade e sensa��o de supera��o levam o atleta a transcender, a se sentir-se t�o poderoso que � capaz de estar pr�ximo dos deuses,bonus online casinooutro plano.Para L.
esta capacidade tem uma conota��o religiosa, assim ela associabonus online casinopr�tica esportiva abonus online casinoreligi�o e consegue, portanto, estar pr�xima de Deus enquanto est� treinando.� Aprova��o: P.
"O meu pai ficava me "buzinando a orelha" porque na nata��o sempre ganhava por batida de m�o e minha irm� ganhava por meia piscina, ent�o sempre tive essa coisa de mostrar o meu valor.
Talvez tenha ficado algo interno de eu querer provar para ele e para as pessoas e por isso a escolha por um esporte de supera��o total".P.
"J� tem a clareza que a escolha por um esporte de supera��o dos limites f�sicos e psicol�gicos est� relacionada com um desejo interno de provar para seu pai e para as pessoas que tem valor, ou seja, de buscar a aprova��o paterna e da sociedade." � Realiza��o: J.
"Eu me sinto vitoriosa ao terminar o Ironman, voc� nem imagina que � capaz de fazer tudo aquilo, esse sentimento � legal, de pensar no que voc� j� fez e se sentir muito orgulhosa disso".P.
"Quando vou fazer um Ironman busco a realiza��o de objetivos, o que me traz a sensa��o de prazer e de dever cumprido".
Estar pr�ximo de Deus � pensar nas coisas que transcendem a compreens�o e a busca racional, assim como aprova��o e realiza��o pessoal, est�o ligados a hist�ria de cada atleta e caracter�sticas individuais.
Portanto, a motiva��obonus online casinocumprir um desafio como o Ironman est� longe de ser compreendido racionalmente, cada indiv�duo tem seu hist�rico pessoal, seus conflitos e seus desejos, que s�o levados para a pr�tica esportiva atrav�s dos comportamentos de cada um, na maneira de lidar com as quest�es de desafios, competi��es, supera��es e aprova��es e com a quest�o do poder e dabonus online casinopr�pria sexualidade.
Considera��es Finais
Ainda que a presen�a da mulher no esporte e na pr�tica de atividade f�sica n�o seja privil�gio de todas, podemos dizer que � um cen�rio onde o g�nero feminino est� sendo muito bem representado.
A mulher no esporte � um fen�meno que acontece praticamentebonus online casinotodo mundo e � atrav�s dele que muitas mulheres conseguem seu espa�o na cultura, seu valor na sociedade, seu reconhecimento como indiv�duo.
O esporte foi e ainda � um meio pelo qual a mulher pode exercerbonus online casinoautonomia, seu poder de escolha, seu poder de supera��o f�sica e psicol�gica ebonus online casinoveia competitiva, provando a sociedade e especialmente aos homens o quanto � capaz como atleta e como ser humano.
A escolha por uma modalidade de supera��o de limites, como o Ironman, s� vem comprovar a busca feminina pela valoriza��o e reconhecimento da sociedade.
Ser atleta de um esporte que exige tanta capacidade superar desafios d� um poder e um status que apenas os homens sentiam e que agora as altas executivas ou as mulheres bem sucedidas profissionalmente tamb�m t�m o privil�gio.
A mulher atleta � o s�mbolo da mulher moderna: tem garra, perseveran�a e determina��o como caracter�sticas de personalidade e uma capacidade de supera��o de limites que vem alterando antigos padr�es e pap�is sociais.
As mulheres v�m buscando h� muito tempo pelos mesmos direitos dos homens, atualmente j� podem sentir o gosto do reconhecimentobonus online casinoalgumas �reas, por exemplo,bonus online casinoalguns cargos s�o preferidas e nos �rg�os p�blicos j� est�o ocupando os cargos de chefia.
No entanto, biologicamente s�o diferentes dos homens.
Maior quantidade de massa muscular, menor gordura corporal, s�o algumas das caracter�sticas f�sicas que colocam os homens a frente das mulheresbonus online casinomodalidades esportivas que exigem for�a e velocidade.
Apesar de terem adquirido muitas das caracter�sticas masculinas ao longo da hist�ria da emancipa��o feminina, n�o s�o como os homens e nem vir�o a ser.
No esporte as diferen�as de g�nero se concretizam nas adapta��es de algumas modalidades como, por exemplo, a rede mais baixa do voleibol feminino.
Por terem a clareza dessas diferen�as, mas por sentirem o peso do hist�rico das diferen�as de g�nero ainda reverberando na sociedade moderna, que elas n�o mais exigem igualdade de direitos, mas sim respeito pelas diferen�as.
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Endere�o para correspond�nciaCarla Di Pierro R.
Aimber�, 909, ap 33 - Perdizes
05018-011 S�o Paulo, BrasilE-mail: carlavita.org.br
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