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theflanneryfamily.com:2024/1/25 7:44:13
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Por Rodrigo Rodrigues, g1 SP � S�o Paulo
04/12/2023 05h04 Atualizado 04/12/2023
Em 1992, a ent�o prefeita de S�o Paulo, Luiza Erundina, abastece com g�s natural um dos �nibus da antiga Companhia Municipal de Transportes Coletivos�(CMTC). � 
: Acervo pessoal
A prometida tarifa zero que pode ser implantada na cidade de S�o Paulo aos domingos ou no per�odo noturno, segundo o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), n�o � exatamente uma novidade na capital paulista.
Em 1991, durante a gest�o da prefeita Luiza Erundina (PT), a cidade teve uma experi�ncia regional em Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste da capital, com cinco linhas de �nibus de gra�a, para a circula��o das pessoas dentro do bairro.
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Na �poca, Erundina e o ent�o secret�rio de Transportes, L�cio Gregori, promoveram uma municipaliza��o do transporte p�blico em toda a capital, o que possibilitou a amplia��o da frota e a cria��o das linhas gratuitas. Tudo isso gra�as ao aumento do subs�dio aplicado na antiga Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), que foi privatizada por Paulo Maluf e, em 1995, virou SPTrans.
As linhas gratuitas eram usadas pelos cerca de 200 mil moradores do bairro at� o ent�o rec�m-inaugurado Terminal de Cidade Tiradentes, que ligava a regi�o � distante mais de 60 km do Centro de S�o Paulo � com as demais �reas da cidade.
Ano: 1992 - �nibus da extinta linha gratuita 3004 - Circular Banc�rios, implantado pela ent�o prefeita Luiza Erundina (PT), em Cidade Tiradentes, na Zona Leste de SP. � 
: Acervo Museu SPTrans
As linhas circulares gratuitas continuaram em opera��o at� a gest�o do prefeito Celso Pitta (PP), pupilo e sucessor de Paulo Maluf na Prefeitura de S�o Paulo.
Primeiro, Pitta reduziu as cinco linhas para apenas uma em 1998 e, depois, em meados do ano 2000, extinguiu o transporte gratuito no bairro, acabando com a �nica linha circular remanescente gratuita da antiga gest�o petista, a 3001/51 - Gr�ficos/Term. Cid. Tiradentes.
Em entrevista ao g1, a ex-prefeita Luiza Erundina � atual deputada federal pelo PSOL - disse que a gratuidade em Cidade Tiradentes tinha o objetivo de ser um ensaio para a implanta��o de um sistema de gratuidade em toda a cidade.
�Na �poca, a gente tinha enviado um projeto de lei para a C�mara propondo a tarifa zero e sugerindo que ela fosse implantada na cidade toda por meio da ado��o de um IPTU progressivo, em que os ricos pagariam mais impostos e os pobres e mais humildes, menos. Parte da arrecada��o do IPTU progressivo seria usada para subsidiar a passagem gratuita para toda a popula��o. Mas a gente n�o tinha maioria na C�mara e os vereadores arquivaram a proposta sumariamente, sem nem ao menos coloc�-la em discuss�o�, lembrou Erundina.
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Eleito prefeito de S�o Paulo em 1992, Maluf conseguiu fazer seu sucessor, o secret�rio de Finan�as, Celso Pitta, que se tornou prefeito da capital em 1998. � 
: Estad�o Conte�do
A ideia da ex-prefeita, quase 33 anos atr�s, era que a gratuidade para o resto da cidade fosse implantada aos poucos, primeiramente aos domingos e � noite, a exemplo do que o atual prefeito tem proposto. Em 2023, Erundina voltou a defender esse modelo de gratuidade, quando foi novamente candidata � Prefeitura de SP pelo PSOL.
Sem m�goas
Apesar de a ideia ter sido lan�ada durantebonus de cassino sem dep�sitogest�o, a ex-prefeita diz que n�o tem motivo para se chatear com o prefeito Ricardo Nunes, por tentar implementar uma ideia antiga dela, em busca de votos na tentativa de reelei��o em 2024.
�� uma ideia que continua muito boa e que n�o foi criada por mim. N�o sou a dona dela. Foi gerada por uma equipe muito dedicada, que trabalhou comigo na �poca e era liderada pelo L�cio Gregori. Fico feliz que aquelas ideias n�o tenham sido esquecidas 33 anos depois que deixei a prefeitura�, afirmou a primeira prefeita eleita pelo PT em uma cidade grande do pa�s.
Para implantar a tarifa zero em toda a cidade, Erundina diz que n�o havia como a prefeitura assumir os custos integrais do sistema, sob risco de colapsar o or�amento da cidade e comprometer outros servi�os p�blicos.
Agora deputada federal pelo PSOL, Luiza Erundina segura a 
de quando era prefeita de SP pelo PT, entre 1988 e 1992. � 
: Rodrigo Rodrigues/g1
Na �poca, ela conta que S�o Paulo recebia um fluxo migrat�rio de outras partes do Brasil de quase 300 mil pessoas por ano.
�Sem outra fonte de receita nova, seria invi�vel a gente tirar dinheiro de outras pastas para aplicar no transporte p�blico, mesmo a gente entendendo que era um direito do cidad�o. Era uma �poca de infla��o alta, desemprego forte, carestia, gente chegando o tempo todo. A cidade era carente de tudo. At� dentro do PT eu recebi cr�ticas, porque as teses do partido defendiam a estatiza��o do transporte como direito p�blico constitucional. Mas a nossa equipe sabia que era preciso agir com responsabilidade�, afirmou.
Prefeitura quer testar tarifa zero nos �nibus em dezembro
O dilema enfrentado por Erundina tr�s d�cadas atr�s � o mesmo enfrentado pelo atual prefeito. Embora o or�amento da cidade tenha se multiplicado muito em 30 anos - passando de CR$ 1,3 trilh�es (cerca de R$ 3,8 bilh�es), em 1992, para R$ 110,7 bilh�es em 2024, o custo para bancar a tarifa zero para toda a cidade � perto de R$ 12 bilh�es por ano, segundo c�lculos da pr�pria SPTrans.
Em 2023, a cidade j� est� gastando mais de R$ 5,3 bilh�es para subsidiar o sistema, que tem a tarifa congelada em R$ 4,40 h� quase tr�s anos.
Mesmo assim, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), conseguiu aprovar nesta quarta (29), em primeiro turno, a reserva de pelo menos R$ 500 milh�es para ao menos iniciar a implanta��o do sistema aos domingos ou no per�odo noturno em 2024.
O prefeito da cidade de S�o Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em reuni�o do Pal�cio dos Bandeirantes, em janeiro de 2023. � 
: Divulga��o/Secom/GESP
Nova fonte de receita
O ex-secret�rio de Transportes, L�cio Gregori, considerado at� hoje o "pai da tarifa zero", diz que a medida � boa, mas t�mida. Ele afirma, por�m, que s� com uma fonte de receita nova � que a cidade conseguir� bancar a proposta de gratuidade para toda a cidade.
�N�o vejo mal de fazer tarifa zero em lugar nenhum. Mas quando voc� faz s� aos domingos, ela n�o tem um significado amplo quando se faz para a cidade toda, toda semana. � apenas um agrado, vamos dizer assim, n�o uma pol�tica p�blica. Mesmo que S�o Paulo tenha um or�amento robusto e equilibrado, ela vai precisar de uma nova fonte de recursos para bancar a tarifa zero na cidade� , afirmou.
�Isso j� est� sendo discutido no Congresso Nacional pela PEC 25, de autoria da pr�pria Erundina. No projeto � proposto a Contribui��o pelo Uso do Sistema Vi�rio [ConUsv], onde carros particulares pagariam um valor progressivo conforme o porte do ve�culo e pot�ncia do motor para uso do sistema vi�rio das cidade. Em valores de 2023, quando fiz a proposta, isso daria uma renda extra de R$ 6 bilh�es a mais para a prefeitura por ano, se fosse cobrado um valor por ano de R$ 1 a R$ 3 por carro da frota�, explica.
O engenheiro L�cio Gregori, ex-secret�rio de Transporte da cidade de SP, durante o governo Erundina (1988/1992) � 
: Reprodu��o/TV Brasil
No caso da cidade de S�o Paulo, como o custo anual do sistema � alto, mesmo uma contribui��o nova n�o isentaria a prefeitura de aportar recursos p�blicos para financiar o sistema, segundo o pr�prio Gregori.
�� preciso se repensar no Brasil a forma de uso do sistema vi�rio das cidades, onde s�o gastos uma fortuna de manuten��o, sinaliza��o, e etc, e as pessoas que tem carro n�o pagam nada por isso", declarou.
"Penso que, o que o prefeito est� propondo agora, � porque a tarifa zero est� na pauta e virou uma discuss�o no pa�s todo. E ele n�o quer perder o bonde dessa hist�ria. At� porque, � pr�-candidato � reelei��o. Ent�o, vejo mais como uma forma dele aparecer, do que o in�cio de um caminho que chegue na tarifa zero para a cidade como um todo, todos os dias. Que, na minha vis�o, � a �nica maneira dessa proposta fazer sentido. Implantar s� aos domingos � apenas 'um presentinho pra voc�s a�'�, opinou o ex-secret�rio de Transportes.
Governo estadual descarta tarifa zero no transporte
Atualmente com 89 anos rec�m completados, Erundina � a parlamentar mulher mais velha do Congresso Nacional. Mesmo assim, ela diz que tem uma disposi��o inquestion�vel para articular a vota��o nas comiss�es e no plen�rio da Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) 25, na C�mara dos Deputados e no Senado, para tentar garantir a viabilidade da tarifa �nica nos munic�pios brasileiros.
�Falta s� um aninho para os meus 90 anos. Quem sabe at� l�, a gente consiga ver essa PEC 25 aprovada. E instituir um sistema nacional integrado e unit�rio, com participa��o da sociedade, sem o trabalhador ter que arcar com 20% da renda dabonus de cassino sem dep�sitofam�lia para pagar mesmo um transporte subsidiado. Isso n�o � justo. � preciso distribuir os �nibus em igualdade de condi��es para todos que constroem a cidade e o pa�s�, afirmou Erundina.
�Espero que at� apagar as velinhas de 90 anos os trabalhadores tenham assegurado o benef�cio da mobilidade. Ir e vir quando quiser, que tenham a possibilidade de n�o ficar trancado em casa por n�o poder ir visitar um parente em outro bairro. Por n�o poder ir ao cinema porque ele � longe dabonus de cassino sem dep�sitocasa e a tarifa � um impeditivo. Por n�o ir ao parque porque moram distantes, sem servi�os p�blicos de lazer. S� v�em a fam�lia as vezes no Natal, porque n�o tem dinheiro pra bancar a locomo��o de todos os membros da fam�lia. Isso n�o � justo na terceira maior cidade do mundo�, completou.
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